Um breve relato sobre a Família Selva e em especial sobre Frederico Selva, a quem dedico este trabalho.
O sobrenome Selva vem de Cantão Selva que é uma pequena vila ao norte da Itália, em Biella-Bioglio, Turin. Na queda do Império Austríaco nossos antepassados, cujo nome de família era Von Bllat, estes tiveram que fugir para os Alpes Italianos refugiando-se neste lugar e adotando o nome Selva como nome de família, passando assim a serem conhecidos como Família Selva. Não sei de toda a extensão desta história contada por meu bisavô Frederico Selva, porém não vejo que importância isto possa ter, perto do valor daqueles que, ao longo do tempo, vem com honra e dignidade usando este nome.
Foi neste lugar – Cantão Selva – que nasceu meu bisavô Federico Antônio Selva e seus sete irmãos. Mais tarde, quando da Proclamação da República no Brasil, ele veio a escolher ser um cidadão brasileiro, abrasileirando seu nome para Frederico Selva. O registro mais antigo de um Selva na Itália data de 1785 e é de Antônio Selva, casado com Marguerite Sanguinetti. Tiveram eles um filho, Giovani Selva que casou com Quinta Fiorio, cujos descendentes são: Constantino, Giuseppe, Beatrice, Adele e Elisabetta. Destes destacarei Constantino que é o ramo da família do qual nos originamos. Constantino Selva, casado com Paolina Triverio, ambos nascidos em Cantão Selva-Biella-Bioglio, Itália, gerou oito filhos: Federico, Emma, Palmira, Eugênia, Rosa, Giovanni, Luigi e Cleta. Destes vieram para o Brasil Federico, Giovanni e Luigi, justamente os filhos homens. Federico foi o primeiro que veio. Sua vinda se deu com a “Companhia Metropolitana”, uma construtora francesa, que estando antes no Uruguai, veio para o Brasil contratada para fundar uma colônia italiana no sul do País. Federico Antônio Selva quando jovem na Itália era um republicano militante, porém naquela época o regime vigente era Monárquico. Então ele saiu do país, indo para França onde foi contratado como desenhista da Companhia Metropolitana.
Esta empresa foi contratada para um trabalho em Trípoli e depois veio para o Uruguai para construção do Palácio da Justiça. Depois foram contratados pelo governo brasileiro para abrirem as primeiras colônias italianas no sul do estado de Santa Catarina, hoje Nova Veneza. Foi então que meu bisavô Federico Selva aportou no Brasil, como funcionário da Empresa Metropolitana e não como imigrante. Mais tarde formou-se Engenheiro Civil podendo assim ocupar os cargos que ocupou durante sua vida no Brasil. Aqui Federico conheceu Marietta Bernardini, vinda de Mesola-Ferrara na Itália, com quem mais tarde veio a se casar, formando daí a primeira Família Selva no Brasil.
Marietta, filha de Antônio Bernardini e Luigia Passarella Bernardini, veio para cá com dezoito anos, em 1891, como imigrante, juntamente com seu pai, seus dois irmãos Maria Mariângela (Tia Augusta) de doze anos e Giuseppe de quatro anos, sua madrasta Albina Bernardini, seu tio Teodoro Bernardini e seu avô Luigi Bernardini. Deveriam desembarcar em Santos – São Paulo, porém devido à epidemia de febre amarela que assolava aquela região, foram então deslocados para o sul onde, com outros italianos fundaram uma nova colônia em Santa Catarina, na cidade que veio a se chamar Nova Veneza. Foi nesta localidade que Frederico Selva, trabalhando na Companhia Metropolitana, conheceu e casou com Marietta Bernardini. Tempos depois Frederico mandou buscar seu irmão Giovanni (Tio João) que aqui casou-se com Maria Mariângela (tia Augusta), irmã de Marietta, formando outro ramo da família Selva. Depois veio Luigi, seu outro irmão, que, não querendo fixar residência aqui, resolveu ir para o Chile. Desde então não se teve mais notícias dele. Suas irmãs ficaram todas na Itália e lá formaram família. Enquanto viveram, mantiveram correspondência, inclusive em época de guerra, quando se utilizavam de um código para se manterem informados. Frederico Selva, meu bisavô, era republicano ferrenho, a ponto de colocar o nome em sua primeira filha de Republica. Em sua casa em Nova Veneza colocou uma placa com os dizeres anarquistas “Aqui todo mundo manda, ninguém obedece e tudo vai bem”. Antônio Moreira César, um coronel republicano com idéia anarquistas, veio a Santa Catarina e, ao saber disso, mandou chamar Frederico pedindo explicações. Depois, satisfeito, ofereceu-lhe um bom emprego público e Frederico tornou-se o chefe dos Portos e Vias Navegáveis em Florianópolis. O casal Frederico e Marietta teve quatro filhos – Republica, Constantino, Luisa (tia Neneca) e Antônio José (tio Nico) – que deixaram descendentes. Também o casal Giovanni Selva (tio João) e Maria Mariângela (tia Augusta) teve 11 filhos, que deixaram descendentes, dando continuidade a esta grande família, conforme vemos na pagina genealogia.